terça-feira, 4 de agosto de 2009

Vai saber por que,

mas eu ando completamente sem criatividade o.o

Se bem que só pra algumas coisas. Por exemplo, pra escrever! -.-'' Sempre tento começar a escrever alguma coisa interessante, mas não sai nada. Então vão os textos antigos mesmo :B Eu particularmente gosto deste. Acho poético sei lá. Pra mim isso é um conto. Falar de nada de forma poética :B

Pedro - Uma Longa Caminhada

Lá vinha o jovem pesadamente pela seca estrada de terra. Caminhava lento, suas pernas socavam o solo sem vontade de continuar, mas não podia parar, ainda havia mais de dois quilômetros em seu caminho. Era alto, sua pele era bronzeada pelo trabalho no campo. O corpo magro contrastava com seus músculos fortes, que não se exibiam. Voltava da escola, aonde cursava o colegial. Escola essa que ele ia e vinha todo dia a pé, com oito quilômetros de diferença. Quando chegava a casa, quase sempre com a noite já estabelecida, comia e ia descansar, para no dia seguinte acordar cedo e ajudar seu pai na plantação de algodão, coisa que ele não gostava. Queria mesmo é cuidar de seu pequeno, mas não por isso imperceptível, canteiro de flor. Cuidava dele com um esmero que nunca se via no jovem, que vivia cansado. Aquele homem trabalhador, de dezessete anos, sustentava sua meninice nos belos e ofuscantes olhos azuis. Neles, o seu espírito ansiava por mais. Mais daquela vida sem um grande sentido. Da escola pra casa, da casa pra roça, da roça pra escola. Sua vida estava resumida a esse ciclo insosso. Mas não podia parar, continuava a caminhar, pois queria logo chegar a sua casa para saciar a fome que remoia suas entranhas. Fechou os olhos, para com a mão afastar o cabelo cor de mel que insistiam em cair sobre sua visão. O barulho de seus passos era o único que quebrava o silêncio natural do lugar, que só era também fragmentado, quando vez em quando, um carro velho e barulhento, passava na estrada, desafiando os diversos buracos e fazendo as estreitas curvas sem parar, sem se importar. Olhou então para o lado direito da estrada. Havia uma pequena montanha um pouco adiante. Sobre a montanha, corria um vento sapeca que insistia em atentar o juízo da relva rósea e felpuda que subia nos morros quando o outono se recusava a dar lugar ao inverno. O rapaz, encantado com as flores, observou o fenômeno. Como do despertar ou começar de um devaneio, viu que a sua volta, tudo parecia da mesma cor da relva. E olhando às suas costas, avistou as nuvens alaranjadas, que eram iluminadas pelos últimos raios do sol. Parou de andar. Suas pernas se recusavam a perder aquele fenômeno. Ele havia encontrado o que era mais fascinante em toda paisagem: uma cerejeira, importada do Japão, abrindo seus primeiros botões. Sempre fora uma de suas árvores favoritas, e não era diferente naquele cenário. Uma pequena flor se desprendeu dos galhos da árvore e delicadamente tocou a ponta de seu nariz, despertou-o. Tinha de continuar a andar. Faltava pouco para chegar a casa. A mochila começava a puxar seu equilíbrio para trás. Olhou novamente para trás. Em meados de inverno, cada segundo do pôr do sol deve ser aproveitado, pois em alguns milésimos, o sol se vai, sem vergonha, sem pedir licença. As nuvens permaneceram, porém. E com um baixo sibilo, culminando no último suspiro de um uivo dos ventos, o garoto foi capaz de prever a chuva que estava por vir. Era o que as pessoas do meio rural eram capazes de deduzir. Um conhecimento que não seria nunca passado em escola nenhuma, nem em universidade nenhuma, mas que só a sabedoria da roça saberia ensinar. Trouxe sua mochila mais pra perto, de lado. Procurava desesperadamente o guarda-chuva. O rapaz não havia se lembrado de que no dia passado, havia deixado-o em casa, depois da grande chuva. Tarde demais. Quando se lembrou, os primeiros pingos molhados da chuva explodiram em seus ombros, seus cabelos, seu corpo. Olhando pra cima, o rapaz, o homem e o menino sorriram. Poder visualizar aquele lindo cenário havia revigorado o frescor do espírito daqueles. Principalmente do menino, é claro, que poucas vezes era deixado se exprimir, desde o começo da adolescência. E de fato, aquele sorriso representava mais a felicidade do menino estar ali, do que a felicidade de sentir o poder daquela deliciosa chuva gelada dos outros dois. E continuou a caminhar, a melancólica e feliz silhueta do jovem homem no temporal de outono. Com o sorriso nos lábios deu um beijo em sua mãe e foi se deitar.

Um comentário:

  1. Não consegui ler todo, me perdoa? É que tô jogando buraco online.

    [¹] E Twitter tem sentido pra quem quer dar uma fugidinha das suas ocupações e... Falar delas. XD Ou pra quem não tem mais o que fazer e quer ter. Whatever.

    Te mandei depoimento...s. No plural.
    :*




    ¹ Sobre o post anterior

    ResponderExcluir